Salvador, 02/03/2010 – O apresentador do programa Na Mira (Tv Aratu), Uziel Bueno, vem bradando aos quatro ventos que Silvio Santos está com “sorriso de orelha a orelha” com a sua audiência, a maior do SBT em todo o Brasil, razão pela qual o homem do baú estaria interessado em levar a atração para São Paulo – passando a transmiti-la em rede nacional.
Diante de notícia tão grandiosa, Uziel tem gritado que só vai pra São Paulo se for pra ganhar o mesmo que José Luiz Datena.
Se a informação for verdadeira, não será de se espantar. O SBT é uma emissora de gosto duvidoso e polêmico. Sempre apostou em programas da linha trash: é só lembrar do sensacionalista Aqui Agora, das novelas mexicanas, do Programa do Ratinho e do Fantasia pra se ter uma idéia do “padrão SBT de qualidade”... Além disso, deixou escapar pelas mãos profissionais do porte de Marília Gabriela, Jô Soares e Serginho Groisman, e retomou o jornalismo há pouco tempo (após anos a fio sem apresentar um telejornal).
Nada contra o Uziel Bueno: afinal, cada um defende o seu pão como pode (e como sabe). Mas o problema é que o “Na Mira” ajuda a fortalecer a crença de que “preto e pobre é ladrão”, expõe vísceras humanas em pleno horário de almoço e banaliza a morte e os sentimentos humanos. O próprio apresentador afirma, diariamente, que o programa não é “TV da Xuxa”, como que justificando a propagação da carnificina nos lares baianos.
Mas justiça seja feita: não é só o “Na Mira” que segue a linha Freddy Krueger na TV baiana. Talvez ele seja, dentre todos os irmãos trash do gênero, o mais escancarado.
O programa foi temporariamente suspenso, em 2009, pelo Judiciário baiano, que acolheu solicitação do Ministério Público, baseada no fato de que a atração promove a “execração pública, inclusive com xingamentos, de pessoas suspeitas, processadas ou condenadas pela prática de algum crime”. O juiz Manuel Bahia entendeu que “vislumbra-se facilmente com quadros chocantes, pavorosos, tétricos, macabros e dantescos".
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